Corpo, escuridão e fotografia - Mustafa Sabbagh

    Falar de fotografia nos dias de hoje me parece um tanto quanto complicado, época onde o  Instagram tem seu impacto e sua relevância na hora de disseminar esse conteúdo. O que me preocupa não é maneira como publicam (desenfreadamente), mas sim na maneira como consumimos essas fotos. Talvez também me incomode a maneira como nos chega esse material, via milhões de telas, e estamos viciados a elas, quase que presos. E é em meio a esse campo de reflexão que, muitas das vezes, a gente caí nos prazeres de um bom artista. E o prazer aqui esta em provocar. 

  Creio que provocar não apenas a discussão acerca do consumo da 8ª arte, mas também da exposição do corpo humano, da sexualidade, psicologia e do terror que permeia estes temas. Antes que eu me esqueça, seu nome é Mustafa Sabbagh, fotógrafo jordainense baseado a Itália onde formou-se em arquitetura. Por lá conheceu Richard Avedon, talvez um importante acontecimento em sua vida, onde a partir dali treinou como assistente do já consagrado fotógrafo. Em suas fotografias são impressas essas duas faculdades, digamos assim. 

 

   A intensidade na hora de fotografar suas modelos e a minuciosidade de captar  cada movimento de cada corpo, vem claramente de Avedon. A arquitetura, como o próprio fotógrafo uma vez disse: "Arquitetura não é nada mais que um modo de habitar espaços, assim como nós habitamos a roupa em nosso corpo". E é por meio da roupa que muitos dos seus trabalhos chamam a atenção. São dramáticas, de cunho artístico e estratégicas. Uma verdadeira instalação. 
  Mas Sabbagh também mostra como evocar tudo isso (e muito mais) com apenas corpos desnudos sobre um fundo escuro, quase que sua assinatura. Para o artista a pele é como um vestido, aquele que reflete autenticidade. E com certeza é algo que precisa estar despido, hoje e sempre. Podemos cair na ignorância e nos encontrar confundido com pornografia, por exemplo. Mas que de certo ponto de vista dar razões para excitação não é nada menos que satisfatório.