Entre a Arte e o Tempo
É um tanto quanto desafiador retomar as postagens aqui do blog, depois de um mês que passou não muito diferente dos outros (uma loucura). Mais desafiador ainda é estar aqui para falar de um aspecto que nos carece hoje em dia, o tempo. Mas quase que de maneira filosófica, coincide e muito com a arte.
Assim como as mostras seguem uma ordem cronológica e se articula em torno de blocos, é normal que nossa vida desempenhe papel similar a este. Se eu fosse expor meus últimos meses em uma galeria? Talvez os aspectos de movimento, construção, espaço e tempo estivessem evidentes - o curador teria muito trabalho para organizar tudo isso, e acima de tudo tornar compreensivo. Recomendaria eliminar as divisões entre os espaços expositivos a fim de promover um diálogo entre as obras.
Seria ainda mais interessante ainda se elas dividissem espaço com algumas esculturas de Lygia Clark e as fotografias e videos das performances de Marina Abramovic, por exemplo. Ambas dialogavam constantemente com esses quatro pontos (movimento, construção, espaço e tempo) em seus trabalhos. Lygia por expor sabiamente suas criaturas em alumínio que mudam de forma a partir do momento de interação com o público e Abramovic por expressar fielmente alguns estados físicos e mentais de forma complexa, assim como nossa mente.
Não esquecendo daquilo que uma vez foi criado pelo homem, o tempo. É relativo, capaz de determinar o presente, passado e futuro, mas também toma forma e é, de acordo com a teoria da relatividade, maleável sob o impacto da gravidade - Dalí representou isso em "A persistência da Memória". Em minha defesa deixo aqui uma frase: "Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo". Ela é do romancista, teatrólogo e poeta português José Saramago, que pode resumir e muito esse contexto. A pressa é algo inerente na vida de muitos de nós, que estamos vulneráveis aos que fazem "derreter" o nosso tempo.
Entre a Arte e o Tempo
Reviewed by Tudo ou Prada
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abril 13, 2018
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