Chris Burden - Arte do Medo e Dor
E se a arte fosse violenta? Se fosse dolorosa? Você se assustaria? Ao conhecer Chris Burden em uma profunda pesquisa sobre a arte da performance me deparei fazendo essas perguntas a mim mesmo.
Artista norte americano, Chris Burden nasceu em 1946, em Boston, nos Estados Unidos da América. Inicialmente seu plano não era ser um artista, e sim, um arquiteto. Estudou arquitetura no Pomona College de Clairmont e logo chegou a trabalhar em um escritório da área, mas foi por lá que desistiu de ser este profissional ao ver a maioria fazendo apenas banheiros. Entediado com a profissão naquele momento, decidiu se dedicar as esculturas. Foram muitas as tentativas de desencoraja-lo, porém Burden se viu ainda mais instigado em investir na nova carreira. Durante a faculdade de artes, que cursou na Universidade da Califórnia, ele e seus colegas perceberam que tinham uma péssima locação para seus trabalhos, e que lá haviam muitos armários. A partir daí Burden teve sua primeira ideia para sua primeira performance, que consistia em trancar-se dentro de um daqueles pequenos armários. Tal feito, que durou 5 dias, lhe rendeu popularidade diante todos da instituição, como um jovem excêntrico, provocador e desafiador.
Burden trouxe uma visão própria para a arte performática, e era aquela que dizia ser tão simples ao fato de que apenas fazer algo, já era considerado arte. Vale lembrar que o mesmo esperava não atribuir muitos elementos (objetos) em seus trabalhos, ate mesmo quando decide ficar diante um rifle em plena galeria de arte. Essa obra trata-se de uma das mais famosas do radical artista, se assim pudermos chama-lo. Nela, Burden pede para que seu amigo atire em seu braço, apenas de raspão. O artista leva o tiro, que mal sucedido acerta seu braço o atravessando. A performance "Shoot" de 1971, foi capaz arrancar suspiro e desconforto dos espectadores, e o que talvez não soubesse, era que a partir daquele momento ele iria se tornar um dos grandes expoentes das artes na época.
Em "Trans-Fixed", 1974 Burden deitou-se sobre um fusca e martelou pregos em ambas as mãos, como se ele estivesse sendo crucificado no carro. O carro foi empurrado para fora da garagem e o motor ligado por dois minutos antes de ser empurrado de volta para a garagem.
Em suas performances, é evidente a tendência para as ações mais extremas e radicais, quase que suicidárias, através das quais procurava questionar algumas práticas sociais e tabus ligados à cultura contemporânea e, simultaneamente, colocar em causa a função da arte e a responsabilidade ética do artista. Em uma das entrevistas feitas, ele diz: "Eu não sou um suicida. Eu não tenho interesse algum em morrer por minha arte". Burden faleceu em 2015, aos 69 anos, em sua casa em Los Angeles. Ele sofria de um câncer de pele, que estava lutando contra já há alguns anos antes.
Chris Burden - Arte do Medo e Dor
Reviewed by Tudo ou Prada
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maio 11, 2018
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